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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Angola 2006 - Parte I - Publicado a 10/03/2011

Fui apresentada a Angola em 19 de Outubro 2006 por volta das 7:00 da manhã.

Ainda não tinha saído do Porto e já estava com uma vontade enorme de chorar. Era a primeira vez longe de casa e longe dos meus.

O Aeroporto de Lisboa parecia muito maior agora que estava sozinha. Ás 22:00 já quase não conseguia aguentar as lágrimas. Não sei se seriam de medo ou de ansiedade. Mas tenho a certeza que metade delas eram de saudades.

Telefonei aos meus país e ao G. Em cada telefonema belisquei a minha perna com tanta força que fiz uma nódoa negra. Porque o fiz? Para não chorar ao telefone. Porque tendo uma dor física sabia que a dor do coração seria menor e não me trairia.

Entrei no avião a tremer e pela primeira vez na vida passei uma noite em claro.

Passei a viagem toda a falar com um desconhecido, o meu primeiro amigo em Angola. E verifiquei que com o medo e com o desconhecido aprendemos uma nova capacidade de fazer amigos rapidamente. Vencemos a timidez e o embaraço. Pensamos que se lixe, estou sozinha e mais vale arriscar. O pior que pode acontecer é virarem-nos as costas e chamarem-nos malucos (posso garantir que isso nunca aconteceu em Angola).

Sabia que a minha vida ia mudar, mas não sabia até que ponto.

Nesta altura pensava que Angola me estava a afastar de quem mais amava. Eu sabia que a culpa não era dela, mas sim da falta de oportunidades em Portugal e da maneira como este nosso País gosta de menosprezar os jovens. Mas não quero falar de Portugal.

Como dizia, Angola estava a afastar-me de quem eu mais amava, sem eu ainda saber que ela me estava a levar ao meu futuro.

Disse um até já a Portugal e quando aterrei em Luanda a minha vida mudou para sempre.

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