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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Carta Aberta - Publicada a 16/07/2010

Tens um ano! Fazes tudo aquilo que é típico de um bebé. Gritas, fazes birras, choras, sujas a casa, sujas-te a ti e a mim, desarrumas todos os brinquedos, apontas para tudo e só ficas satisfeita quando eu te digo o nome do objecto, assoas-me o nariz 500 mil vezes e fazes o mesmo ao teu narizito pequeno, puxas-me os cabelos, babas-me cara, pedes bolachas, maças, tangerinas, papa, sopa e pão sempre com o eu dedo pequenito mas persistente a apontar para os teus desejos, corres a casa toda de gatas e ficas com os joelhos negros, brincas as escondidinhas, mostras-me a barriga para eu dar beijos barulhentos, foges de mim, voltas pra mim… E eu o que faço? Acalmo-te os gritos e as birras, limpo-te as lágrimas e beijo-te os olhos, limpo-te a ti e a mim e ficamos as 2 a cheirar a toalhitas, arrumo paciente todos os brinquedos apesar de saber que o destino deles no dia seguinte está traçado, ensino-te pacientemente o nome de todos os objectos para satisfazer a tua curiosidade, finjo que me assoas e rio-me quando me imitas, tiro-te o cabelo da mão e ralho contigo porque magoas a mamã, limpo a baba que deixas-te nos teus beijos ainda desengonçados, dou-te tudo o que pedes porque és uma excelente boca e gostas de experimentar novos sabores, limpo-te os joelhos com as toalhitas, escondo-me de ti e a seguir corro para te apanhar (adoro ouvir os teus risos de satisfação), dou beijos repenicados nessa barriga linda agarro-me a ti e ficamos assim nanossegundos e transformo-os em eternidade. Porquê? Porque um dia, quando fores crescida, já não vais querer beijos, não vais querer abraços, vais ser independente, já não vais querer que seja eu a ensinar-te. Vais-te convencer eu não precisas da mãe para nada. Mas estarei sempre cá, para os bons e maus momentos. Vai ser uma fase passageira (chamam-lhe adolescência) e depois vais voltar para mim, mas já mais senhora, mais crescida, mais para me apoiares a mim do que eu a ti. Nesse dia em que fores independente (ou julgues ser) não me quero arrepender de todos os minutos que deixei passar em banco e não aproveitei a tua mãezite aguda. Não quero pensar que te ignorei, que me irritei por coisas que afinal são típicas da idade. Quero que tenhas uma infância feliz e cheia de recordações assim como eu tenho da minha. Cheia de cores, cheiros e sorrisos!!!! Quero que digas “A minha mãe é a melhor mão do Mundo.”

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